Monday, October 25, 2010

Recursos naturais em declínio alarmante


Relatório Planeta Vivo da organização ambientalista WWF mostra que a procura de recursos naturais está 50% acima do que a Terra pode oferecer.

O Relatório Planeta Vivo 2010 da organização ambientalista World Wild Fund (WWF), revela que as populações de espécies tropicais e os recursos naturais em geral estão decair a um ritmo alarmante.


O documento, apresentado esta semana em Portugal e em todo o mundo, sublinha que "a procura humana de recursos naturais está a atingir níveis nunca antes vistos", rondando os 50% acima do que a Terra pode oferecer.

A World Wild Fund utiliza o Índice Global Planeta Vivo para avaliar o estado de conservação de oito mil populações de mais de 2500 espécies e revela que este índice caiu 30% desde 1970 em termos globais, mas nas espécies tropicais essa queda foi de 60% e nas espécies tropicais de água doce atingiu os 70%.

As principais causas da perda de biodiversidade na Terra ficaram a dever-se à destruição dos habitats, sobre-exploração das espécies, poluição, espécies invasoras e alterações climáticas.

Pressão sobre os recursos naturais duplicou

A pressão sobre os recursos naturais duplicou desde 1966 e os seres humanos estão neste momento a usar o equivalente a 1,5 planetas para suportar as suas atividades, prevendo-se que em 2030 a Humanidade precise de dois planetas para esse efeito, se nada se alterar no seu modo de vida.

"Se este ritmo de consumo continuar, caminharemos para um ponto de não retorno", afirma Jim Leape, diretor-geral da WWF, esclarecendo que "seriam necessários 4,5 planetas para suportar a vida da população global", se esta tivesse um nível de consumo semelhante à União Europeia ou aos Estados Unidos.

O relatório conclui que as emissões de carbono são a principal causa "da tendência do planeta para um eventual colapso ecológico", explicando que a pegada de carbono aumentou 11 vezes nos últimos 50 anos e as emissões de carbono representam metade da pegada ecológica global.

Portugal com quase o dobro da pegada ecológica mundial

Portugal está com uma pegada ecológica de 4,5 hectares por habitante, quando a pegada mundial é de apenas 2,7 hectares. Se toda a Terra tivesse um estilo de vida semelhante ao nosso, a população mundial precisaria de 2,5 planetas para viver.

Os 31 países da OCDE, organização das economias mais ricas do mundo a que Portugal pertence, representam quase 40% da pegada global. No nosso país, estão ameaçadas 69% das espécies de peixes, 38% das aves, 32% dos répteis, 26% dos mamíferos e 19% dos anfíbios.

Os dez países com maior pegada ecológica por habitante são os Emirados Árabes Unidos, Qatar, Dinamarca, Bélgica, EUA, Estónia, Canadá, Austrália, Kuwait e Irlanda. "Os países que mantêm altos níveis de dependência dos recursos naturais estão a colocar as suas próprias economias em risco", alerta Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprin Network, , que colaborou no relatório do World Wild Fund.

O mesmo responsável prevê que "os países capazes de oferecer maior qualidade de vida baseada numa menor pressão ecológica, serão líderes num mundo de contenção de recursos".

Estragos no ambiente: 11% do PIB global

Entretanto, um estudo recente promovido pela ONU concluiu que os estragos provocados no ambiente devido à atividade humana em 2008 representaram um prejuízo de cinco biliões de euros, isto é, o equivalente a 11% do PIB (riqueza produzida) a nível mundial.

Este valor é 20% superior à quebra do valor dos fundos de pensões nos países desenvolvidos provocada pela crise financeira de 2007/2008 e o estudo calcula que as 3.000 maiores empresas do mundo foram responsáveis por um terço desses estragos.

Fonte: www.expresso.pt

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